segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Serra do Rio do Rastro...

Olá galera...

Depois de um tempo ausente, eis-me aqui outra vez, para contar algumas das fantásticas aventuras que ainda não relatei em meu Blog.

A aventura que vou relatar aconteceu em Agosto do ano passado (2008). Foi a última viagem minha com a Madonna (minha ex-virago 250), porém inesquecível: uma semana viajando de moto pelo Sul do Brasil, sozinho, passando por três estados e rodando mais de 2.000Km's.

A preparação começou 1 mês antes, pesquisando roteiros, telefones que poderiam ser úteis em alguma emergência, e fazendo a lista de compras para esta viagem. Como iria passar por lugares onde faz muito frio (como São Joaquim-SC), tratei de comprar calça de lã para vestir por baixo da calça jeans, malaclava em lã, luvas com revestimento de lã de carneiro, anti-embaçante, dentre tantos outros itens para a moto, como velas, óleo, kit de ferramentas, etc.

Na noite que antecedia a viagem, fui buscar o alforge traseiro que mandei fazer sob medida para minha moto. Demorou um pouco, mas consegui pegá-lo e logo tratei de ir para casa fazer as malas e deixar a motoka preparada para esta aventura.

Separei roupas por dia, devidamente embaladas em sacos plásticos, abasteci a moto, calibrei os pneus e deixei ela pronta para aventura, já com os alforges carregados.

Acordei no dia seguinte, por volta das 7:00hrs da manhã e para minha decepção, chuva que não acabava mais. Estava quase desistindo, pois se não saísse naquele dia, iria quebrar toda a minha programação.

Eram quase 10:00hrs quando o tempo melhorou um pouco e ao invés da chuva, apenas uma garoa fina. Aquilo me encorajou, vesti a roupa de proteção de chuva, liguei para a Janaina para me despedir dela e parti para a estrada.


08/Agosto/2008 - Sexta-feira (660Km's rodados)

Saí de Maringá com destino a Itapema-SC. Lá mora o meu Pai e eu queria passar o dia dos Pais com ele. Logo na saída de Maringá, começou novamente a chover, mas eu estava disposto a não desistir e segui viagem.

Apesar de já ter viajado sozinho de moto, este seria até então o maior trecho que eu iria percorrer e sob muita chuva, a atenção teve que ser redobrada.

Primeira parada, Mauá da Serra-PR para o almoço e também para abastecimento. Primeira perna da viagem completada com extremo conforto e alegria.


Logo ao descer a serra, a chuva cessou e em seu lugar, muita neblina. Era uma paisagem diferente, porém muito bela. Fiquei com receio de parar para tirar fotos, pois iria atrasar ainda mais a viagem, então segui adiante. Me arrependo um pouco de não ter fotografado trechos de neblina, onde aparecia a estrada e algumas copas de árvores em meio à imensa vegetação que acompanha a rodovia.

Parei para abastecimento um em Imbaú-PR e depois em Ponta Grossa-PR, um pouco depois do Parque de Vila Velha, onde também fiz meu segundo lanche. Começou a esfriar muito e senti que daí para a frente não seria tão fácil quando o trecho que fora rodado até então.

Saindo do posto, o primeiro contratempo: a calça de chuva começou a rasgar e vi que se andasse um pouco mais daquele jeito, iria perder minha proteção contra a chuva. Parei na beira da rodovia e improvisei com umas cordinhas, dando voltas nas duas canelas e garantindo que a proteção contra chuvas continuasse por mais algum tempo.

Com o problema resolvido, parti até minha próxima parada, em São José dos Pinhais-PR. Parei novamente para lanche e abastecimento e aproveitei para ligar para meu Pai, informando minha localização e dando uma estimativa de horário em que eu chegaria a Itapema.

Começou a anoitecer e descer a estrada que liga Curitiba às praias de Santa Catarina não foi nada fácil. Muita chuva, neblina, muitos carros, caminhões e apenas um motociclista (EU). Passar por aquele trecho de carro já não é facil, agora imagina nestas condições que eu citei. Mas, algo a mais me motivava e segui com tranquilidade, segurança e muita alegria na alma, por estar realizando algo que eu tanto queria.

Cheguei a Joinville e logo à frente parei para jantar e fazer a última abastecida antes de chegar à Itapema. Liguei novamente para meu Pai (ele já estava bastante preocupado, pois sabia das condições em que se encontravam as estradas). Ele me deu algumas dicas sobre a pista, que estava sendo reformada na altura de Barra Velha-SC e quando passei por lá, foi muito válidas as informações, para não pegar nenhum buraco ou até mesmo colidir com os cones e cavaletes que tinham nos inúmeros desvios na pista.

Cheguei em Itapema-SC por volta das 21:30hrs, entrei no primeiro trevo e um ar de nostalgia tomou conta de mim. Em Janeiro do mesmo ano (2008) fui com a família da minha namorada passar o Reveillon e ao entrar na cidade (totalmente deserta), foi como reviver por alguns intantes, mesmo que na memória, momentos alegres e divertidos.

Segui em direção à casa do meu Pai e lá estava ele em pé na porta da sala, me esperando há um bom tempo. Dei um forte abraço, já deixando ele bem mais tranquilo e calmo e entrei para um gostoso café que ele tinha preparado para mim. Descarreguei os alforges laterais, tomei um banho e ficamos conversando por horas.

Permaneci em Itapema-SC até domingo, dia 10-Agosto, no Dia dos Pais.


10/Agosto/2008 - Domingo (130Km's rodados)

Saí de Itapema logo após o almoço, para uma perna curta até Garopaba-SC. Lá eu ficaria na casa de um amigo e seria o meu ponto de partida para a subida da Serra do Rio do Rastro. Apesar do dia ter começado com sol, pouco depois de sair de Itapema, novamente chuva.

Tive que parar em baixo da marquise de uma loja, próximo a rodovia e vestir novamente a roupa de chuva.

Foi um trecho tranquilo até próximo a Florianópolis. Passando pela capital, muitos desvios na pista, devido às obras e trechos de pista simples com muito tráfego. Foi logo depois de Floripa que eu tomei um dos maiores sustos da minha vida.

Estava eu, em pista dupla e tinha um caminhão à frente. Logo no final da reta, a pista viraria simples novamente, e como tinha uns 400mts, dava pra ultrapassar tranquilamente o caminhão. Tirei para a esquerda e comecei a ultrapassagem. Quando estava emparelhado, um caminhão surgiu no sentido contrário e ao mesmo tempo percebi que a partir daquele momento já era pista simples e na divisão tinha aquelas tartarugas grandes, cujo objetivo é não deixar que houvesse qualquer tipo de ultrapassagem naquele local. Como não dava tempo para voltar, mirei a roda dianteira entre duas tartarugas e pensei: "Seja o que Deus quiser". A moto deu um solavanco enorme, balançou e consegui entrar logo à frente do caminhão. Detalhe: estava nuns 120Km's/h.

Foi uma manobra de emergência mas Graças a Deus deu certo. O coração parecia que iria sair pela boca e nem lembro se naquele momento eu estava respirando ou não. Acho que devo ter prendido a respiração por quase 1 minuto.

Passado o susto, cheguei a Garopaba, na casa do Dú (grande Brother e companheiro). Novamente descarreguei o que eu iria usar naquela noite (toalha, escova de dente e roupas limpas) e deixei a moto pronta para pegar a estrada no dia seguinte.

À noite, o jantar foi regado à muita picanha, cerveja e um bom papo. Depois assisti um pouco de televisão, naveguei na internet e fui dormir cedo para ficar descansado para o que viria no dia seguinte.


11/Agosto/2008 - Segunda-Feira (630Km's rodados)

Saí de Garopaba logo ao amanhecer. Seria um longo trecho até a Serra do Rio do Rastro (grande objetivo desta viagem) e mais uma boa "pernada" até Carazinho-RS onde moram meus avós.

Ao olhar para o lado, uma surpresa inesquecível. Um nascer do sol como nunca antes tinha visto. Uma vista para parar alguns minutos, descer da moto, tirar algumas fotos e contemplar aquele momento. Simplismente fantástico.


Subi na moto e segui em direção à Tubarão-SC e posteriormente Orleans-SC. Parei no pé da serra para verificar o equipamento, já deixar a cam pronta para muitas fotos e tomar um café reforçado. O dia estava lindo, um sol, nenhuma nuvem no céu, porém o frio estava de matar.

Iniciei minha subida e entrando em Lauro Muller, fiz questão de registrar o início da passagem pela Serra do Rio do Rastro. A cada kilômetro, lindas paisagens, muitos mirantes para fotos e ficando cada vez mais próximo das nuvens.


Eu não cabia em mim de tanta felicidade. Por muitos instantes me peguei gritando dentro do capacete, tamanha era minha euforia por aquele momento.

Em uma das curvas, tirei a foto que eu considero a melhor foto da viagem, a que melhor retrata esta grande aventura.


Levei mais de duas horas para subir a serra, de tanto que eu parava para tirar fotos e apreciar a paisagem. Chegando perto do mirante, as nuvens estavam muito próximas e eu ficava imaginando como seria estar lá no meio delas.


No final da subida, a estrada ganha ainda mais inclinação, porém o tanto que você sobe faz parecer que está andando em terreno plano.


Chegou um determinado momento em que parecia que o motor da moto tinha perdido a força. Achei muito estranho, pois tinha a sensação que estava em um lugar plano. Quando parei a moto e apertei a embreagem, a moto começou a descer de ré. Já estava a tanto tempo subindo que nem sentia mais, parecia que estava em um lugar plano.


Ao chegar no mirante, mais fotos e uma alegria imensa, pois tinha alcançado meu objetivo. A vontade era ficar alí por quanto tempo eu pudesse. No topo é muito organizado, tem loja de souvenirs, lanchonetes, estacionamento, o mirante e claro, uma das mais belas vistas que eu já pude presenciar.


Próximo ao mirante, dava pra ver um vasto pasto, onde as nuvens batiam no paredão da montanha e subiam, como se a montanha estivesse pegando fogo. Perguntei à mulher que atendia na loja de souvenirs se era permitido ir até aquele lugar e ela disse que podia, porém tinha que ter muito cuidado, pois é um lugar que beira grandes precipícios.


Iniciei minha caminhada de quase 2 km's para chegar até a ponta da montanha, de onde dava pra ver o mirante da serra e ainda a orla marítima, a mais de 100Km's de distância, tamanha era a pureza do ar naquela altitude. Quando cheguei lá não tinha mais nuvens batendo lá, mas a vista compensou.


Voltei para o mirante, comprei umas lembranças para a Janaina e subi na moto, cujo destino era a casa dos meus avós em Carazinho-RS.

Com a "alma lavada" e um sorriso no rosto que me acompanhou no restante da viagem, passei ainda por lugares como São Joaquim-SC, Lages-SC, e ainda Lagoa Vermelha-RS, onde graças à um pessoal muito gente boa de uma oficina, eu não fiquei no meio da estrada. É que quando parei para abastecer, vi que a corrente estava quase caindo, de tão frouxa. Como era mais de 18:00hrs, me indicaram uma oficina onde o pessoal poderia me atender.

Realmente, cheguei na oficina com ela já fechada, mas o pessoal que estava indo embora abriu novamente a oficina e apertou a corrente da minha moto. Fui pagar e não cobraram nada, pq eu estava em viagem e eles disseram que era cortesia.

Segui meu rumo, já noite adentro, em uma estrada deserta, que eu mal conhecia. Passei por Passo Fundo-RS e informei meus avós que eu estava quase chegando. Aproveitei para abastecer novamente e por volta das 21:00hrs cheguei ao meu destino.


12/Agosto/2008 - Terça-Feira (Chuva, muita Chuva - 0Km's rodados)

Com o tempo fechado, chegou o dia de iniciar minha volta ao Paraná. O tempo estava fechado, com nuvens carregadas, porém sem chover (ainda).

Me despedi dos meus avós, tios e primos(as) e fui até uma oficina no Centro pra fazer uma breve revisão na moto e apertar novamente a corrente. Ao entrar na oficina, veio uma chuva tão forte que se eu tivesse na estrada, certamente não teria condições de pilotar, tamanha era a intensidade e força do vento.

Chegou a derrubar semáforos e placas no centro de Carazinho-RS. Até esperei um pouco pra ver se melhorava, mas não teve jeito, decidi adiar minha volta em 1 dia, já que seria muito perigoso viajar naquelas condições.

Cheguei novamente na casa dos meus avós e eles já tinham até acendido velas, rezando para que nada acontecesse comigo. Tranquilizei eles que não voltaria naquele dia e aproveitei para saborear um almoço delicioso ao melhor estilo de família italiana (Polenta com Frango caipira). Dormi praticamente a tarde inteira e à noite fui na casa da minha prima para atualizar algumas fotos no Orkut.


13/Agosto/2008 - Quarta-Feira (Iniciando o Retorno - 530Km's rodados)

Após tanta chuva, o tempo deu uma trégua e saí de Carazinho-RS logo pela manhã, com destino a Francisco Beltrão-PR, onde almoçaria na casa dos meus tios que moram lá. Acho que nunca peguei um frio tão intenso na estrada, andando de moto. O termômetro marcava na saída da cidade 5 graus, mas a sensação na estrada era de temperatura negativa. Como estava muito bem agasalhado, a única parte do corpo que sentia frio era na região dos olhos, pois era o único lugar onde não tinha como cobrir (rs).

Entrando novamente no estado de Santa Caratina, parei para tirar uma fotos na divisa e segui rumo a Chapecó-SC. Achei que a cidade seria um pouco mais interessante, porém é uma cidade relativamente pequena, com uma avenida principal que corta a cidade.



A partir de Chapecó-SC a estrada começou a me preocupar, pois eram muitos buracos, má sinalização e muitas ondulações no asfalto. Reduzi minha velocidade de cruzeiro de 110Km/h para 90 Km/h, para não correr riscos.


Cheguei em Francisco Beltrão-PR logo após o meio dia e almocei com meus tios. Fiquei um pouco conversando com eles e já parti rumo à Cascavel-PR onde iria dormir na casa da minha Mãe.

Cheguei em Cascavel no final da tarde e aproveitei o resto do dia para ficar com minha Mãe, conversando e fazendo planos para o futuro.


14/Agosto/2008 - Quarta-Feira (Fim da Jornada - 275Km's rodados)

No outro dia, acordei um pouco mais tarde em relação aos dias anteriores e saí sem muita pressa, pois conheço muito bem o caminho entre Cascavel-PR e Maringá-PR. Me despedi de minha Mãe e segui o caminho de volta para casa.

Fiz uma parada rapidamente em Ubiratã-PR para abastecer e depois em Campo Mourão-PR. Peguei um pouco de chuva na volta, mas nada que atrapalhasse. Nem me dei ao trabalho de vestir a roupa de chuva.

Cheguei em Maringá no meio da tarde, por volta das 15:00hrs e fui direto para o sobrado onde morava. Entrei em casa extremamente feliz, com aquela sensação indescritível de ter realizado com muito sucesso esta grande aventura que foi percorrer mais de 2.000km's sozinho, em uma moto de 250cc, passando pelos 3 estados da região sul do Brasil.


Tudo devidamente registrado em mais de 1.000 fotos e em um diário de bordo, que fiz questão de anotar tudo o que fiz, paradas para abastecimento, média de consumo, dentre tantas outras informações.

Agora minha próxima aventura deverá ser para o Chile, onde quero subir a cordilheira dos andes e emplacar mais uma bela viagem dentre as muitas outras que irão surgir.

Abraços a todos e Let's Ride!!!!